Um belo veludo por sinal

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Lançado em 1968, o Chevrolet Opala foi um grande sucesso no Brasil, o sedan e a perua Caravan eram muito apreciados por famílias das classes média e alta e o coupé fazia sucesso entre os entusiastas de esportivos, principalmente o modelo SS com o poderoso motor 250-S. Nos anos 80 com o fim do Ford Galaxie e do Dodge Dart, o Opala passou a ser o maior carro fabricado no país e, consequentemente, o modelo Diplomata virou o carro oficial dos executivos e empresários. Mas no final da década ele já estava mostrando sinais de cansaço, jovens executivos estavam migrando para concorrentes mais modernos, como o Volkswagen Santana. Com a abertura das importações em 1990 a idade do nosso grande Chevy ficou ainda mias mais evidente. O Opala precisava de um substituto.

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Opala Diplomata, literalmente um carro de patrão

O Opel Omega foi lançado na Europa em 1986 para substituir o Rekord E. O Omega era um sedan grande que podia vir com motores de 4 e 6 cilindros em linha e usava uma moderna suspensão traseira independente do tipo braço semi-arrastado, era um carro que competia de igual para igual com o Mercedes-Benz W124, BMW Série 5, Alfa Romeo 90, Audi 200 e Ford Scorpio. Este foi o carro escolhido para suceder o Chevrolet Opala no Brasil

Opel_Omega_Omega 1.8 SE_Sedan

A adaptação do Omega para as condições brasileiras foi feita em um tempo recorde: 25 meses. Mesmo seis anos depois de ter sido lançado na Europa ele ainda era moderno, o coeficiente de arrasto era de 0,28 (0,30 no Brasil devido a suspensão levemente erguida), um número bom até para os padrões atuais, o da última geração do Chevrolet Vectra, por exemplo, era 0,30. O lançamento do Omega foi na metade de 1992 na Florida e o carro foi muito bem recebido pela imprensa, que elogiou a dirigibilidade, o conforto, a segurança e o desempenho. Certamente era um sucessor digno para o Opala.

 

Música medieval e lasers, não tem como ficar mais pomposo do que isso

O Chevrolet Omega foi lançado em duas versões: GLS, equipada com motor 4 cilindros de 2 litros e CD, com motor 6 cilindros de 3 litros. O motor 2 litros era o mesmo Família II que equipava o Monza e o Kadett e produzia 116 cv a 5.200 rpm e 17 kgf·m a 2.600 rpm, esse motor já proporcionava um bom desempenho, pois apesar de ser um carro grande, o Omega pesava apenas 1.250 kg. Já o 6 em linha era um motor importado da Alemanha, com comando no cabeçote e  produzia 165 cv a 5.800 rpm e 23 kgf·m a 4.200 rpm e podia vir com transmissão automática de 4 marchas como opcional

Tem coisa aí que é difícil de ver em muito carro moderno.

Tem coisa aí que é difícil de ver em muito carro moderno.

Mais tarde em 1992 foi lançada a perua Suprema, com a mesma mecânica e versões do sedan. O porta-malas era gigante, com capacidade de 540 l e a suspensão traseira tinha um sistema de nivelamento pneumático automático. No ano seguinte foi lançado o motor 2.0 à álcool que produzia 130 cv. A linha Omega agradou em cheio o consumidor tradicional do Opala e os consumidores mais jovens que procuravam um carro mais moderno, era um carro no mesmo nível dos importados mas com preço e manutenção de carro nacional

Omega GLS

Omega GLS

Uma nova geração do Opel Omega seria lançada em 1994 e aposentaria o motor 3.0, como a Chevrolet não tinha planos de produzir o novo Omega no Brasil, ela pediu para a Lotus Engineering atualizar o velho motor 4.1 OHV do Opala. Os engenheiros britânicos fizeram grandes alterações no motor, reduziram o deslocamento para 3,8 litros, colocaram um cabeçote com comando duplo e 4 válvulas por cilindros e instalaram injeção eletrônica, esse motor produzia 265 cv. Mas para não ter que fazer grandes alterações na suspensão a GM optou por uma versão mais mansa do 4.1 com comando no bloco, cabeçote retrabalhado e injeção multiponto que produzia 168 cv. Para acabar com o estoque do motor 3.0 foi lançado a edição especial Diamond, que tinha acabamento do Omega GLS com o motor 6 cilindros.

Cabe o Texas nesse porta-malas

Cabe o Texas nesse porta-malas

O 4.1 atualizado estreou na linha 95, junto do 4 cilindros à gasolina ampliado para 2,2 litros, que produzia os mesmo 116 cv do 2.0, mas o torque aumentou para 20 kgf·m. Agora o GLS também podia vir com o 6 cilindros. O novo motor deu uma personalidade nova ao Omega, enquanto o 3.0 era um motor feito para autobahns e entregava potencia em altas rotações, o 4.1 era um motor que girava menos e entregava muito torque em baixas RPM, isso melhorou as acelerações e as retomadas, mas diminuiu a velocidade máxima.

Powah!

Powah!

A Suprema teve a sua morte adiantada, com o lançamento da Blazer em 1996, as redes de concessionárias da Chevrolet sugeriu que o fabricante encerrasse com a produção da grande perua para não criar uma concorrência interna com o utilitário esportivo. Não foi uma boa decisão, a saída da Suprema deixou uma lacuna no mercado que até hoje não foi preenchida. O Omega sedan teve a sua produção encerrada em 1998, o último ano/modelo é considerado muito especial para os fãs do carro, ele veio com rodas novas de 5 raios e grafismo novo nos instrumentos.

Omega CD 1998

Omega CD 1998

Os custos para a fabricação da segunda geração do Opel Omega seria muito alto, por isso a GM decidiu importar o Holden Commodore da Austrália e chamá-lo de Omega. O Commodore vinha com motor V6 Buick de 3,8 litros e 200 cv, o cambio era sempre automático de 4 marchas . Por ser importado e só vir em um modelo topo de linha, o público alvo no novo Omega mudou um pouco, os executivos e órgãos do governo continuaram fieis ao grande Chevy, mas taxistas, frotistas e famílias de classe média que compravam os modelos de 4 cilindros migraram para o Vectra ou para carros de outros fabricantes.

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Em 2000 o Omega recebeu um pequeno facelift e passou a ser derivado do Holden Calais, um modelo mais caro da marca australiana, a mecânica e o preço continuaram os mesmos. Dois anos mais tarde ele passou por uma reestilização mais profunda, recebendo uma frente e traseira novas. Atualizações mecânicas só vieram em 2005, o velho motor Buick foi trocado pelo novo V6 Alloytech de 3,6 litros, um moderno motor com bloco de alumínio e comando de válvulas duplo e variável desenvolvido pela Holden em parceria com a Cadillac. O motor novo veio acompanhado de uma nova transmissão automática de 5 marchas

Você já deve ter visto o Lula saindo do banco traseiro desse carro em algum jornal

Você já deve ter visto o Lula saindo do banco traseiro desse carro em algum jornal

Uma nova geração do Commodore foi lançada em 2006, dessa vez o chassis foi acertado em Nürburgring e tecnicamente não devia nada a tradicionais sedans europeus, como o BMW Série 5. Devido a grande quantidade de Omegas 2005 e 2006 encalhados nas concessionárias, a nova geração só chegou ao Brasil em 2007. As vendas continuaram baixas, apesar de ser um carro com excelente relação custo/benefício, pelo preço de um BMW 320i você levava um carro equivalente a um 535i. Em 2011 veio a última atualização do Omega, o motor recebeu injeção direta de combustível, o que vez a potencia aumentar para 292 cv e o cambio passou a ser de 6 marchas. Junto do novo motor foi lançada a edição especial Fittipaldi, limitada a 600 unidades. O Omega saiu de linha discretamente no final de 2012, a General Motors não se importou em trazer a nova geração do Commodore ou lançar algum substituto para o seu topo de linha. Um fim triste para aquele que foi o carro mais desejado do país.

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O título desse post é uma singela homenagem ao Jalopnik Brasil, um site que me inspirou a seguir a carreira de jornalista e a fundar o Revhead. 

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