A América contra ataca

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As crises do petróleo nos anos 70 provocaram um grande impacto no mercado automotivo norte americano e um dos setores mais afetados foi o de carros de luxo. Nos anos 80, jovens executivos (também conhecidos como yuppies) que tradicionalmente compravam Cadillacs, Lincolns e Chryslers passaram a migrar para carros europeus, Mercedes-Benz, BMW, Audi, Saab, Volvos e até Peugeots. O que eles mais apreciavam nesses sedans europeus eram o bom desempenho, o consumo baixo, a dirigibilidade e o acabamento, o rich corinthian leather e cromados dos carros americanos não agradavam aos jovens. Mas os grandes fabricantes americanos não ficaram parados vejam as respostas deles a essa invasão:

Cadillac Cimarron

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Cadê a madeira e a alavanca do cambio automático na coluna?

Cadê a madeira e a alavanca do cambio automático na coluna?

O Cimarron não foi a primeira tentativa da General Motors de fazer um Cadillac menor, em 1975 ela tinha feito o Seville, que era basicamente um Caddie tradicional em escala reduzida feito na plataforma do Chevrolet Nova. O Seville tinha vendas boas, mas ainda era muito grande para concorrer com o BMW Série 3, Mercedes 190E, Audi 4000, Volvo 240 e Saab 900, foi nesse cenário que a GM decidiu lançar um Cadillac ainda menor.

Olhe bem para essa lateral, não lembra o Monza d pedreiro que reformou o banheiro da sua casa?

Olhe bem para essa lateral, não lembra o Monza d pedreiro que reformou o banheiro da sua casa?

O Cimarron usava a plataforma J, a mesma do Chevrolet Cavalier (O nosso conhecido Monza), e foi o primeiro Cadillac com motor transversal e o primeiro carro da marca com cambio manual desde 1953. No início o único motor era um 4 cilindros em linha de 1,8 litros e 89 cv, o cambio podia ser manual de 4 marchas ou automático de 3. O carro já vinha muito bem equipado, com ar condicionado, vidros elétricos, bancos de couro e instrumentação completa, mas ainda era muito parecido com o Cavalier e essa associação não era bem vista pelos consumidores e pela imprensa. A plataforma J era uma boa plataforma para carros compactos, mas não era boa o suficiente para um Cadillac. Um motor V6 de 2,8 litros e 131 cv passou a ser oferecido como opcional em 1986, isso ajudou a melhorar o desempenho, mas não melhorou as vendas. Dois anos depois a produção do Cimarron foi encerrada e ele virou um dos maiores fracassos da General Motors e sempre está presente em listas de piores carros já feitos. Mas ele não era um carro ruim como dizem, só não era um bom Cadillac.

Chrysler LeBaron GTS

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O LeBaron GTS seguia uma fórmula parecida com a do Cimarron, a plataforma H que ele usava era uma versão estendida da plataforma K, mas ele não compartilhava painéis da carroceria com carros inferiores como o Caddy. A carroceria era hatchback com um estilo mais europeu e a suspensão tinha um acerto firme, mas o grande destaque do LeBaron GTS era os motores. A opção mais fraca era o 2.2 com injeção eletrônica de 100 cv, seguido do 2.5, também com 100 cv, porém com mais torque, e o 2.2 turbo de 148 cv, o mesmo motor do Omni GLH Turbo (se lembram dele?). O cambio podia ser manual de 5 marchas ou automático de 3 em todas as versões. O motor turbinado proporcionava um desempenho muito bom, precisando de apenas 8,1 segundos para atingir 100 km/h. Em 1989 o motor turbo teve o seu deslocamento aumentado para 2,5 litros, a potencia continuou a mesma, mas o torque em baixas rotações melhorou, amenizando a famosa falta de potencia dos motores turbo dos anos 80.

Ao contrário do Cimarron, o Lebaron GTS conseguiu competir em pé de igualdade com os europeus, mas não conseguiu superá-los em vendas, ele também foi vendido na Europa, mas lá foi um fracasso. O Lebaron GTS foi produzido entre 1985 e 1989.

Merkur

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A Ford simplesmente trouxe para os EUA carros europeus para combater outros carros europeus. Merkur é uma divisão da Ford que foi criada em 1985 e o seu primeiro produto foi o XR4Ti, um Ford Sierra alemão com carroceria coupé de duas portas. O Sierra teve o seu projeto liderado por Bob Lutz, era o carro médio da Ford européia e tinha motor dianteiro, tração traseira e suspensão independente nas quatro rodas. O XR4Ti de exportação era equipado com motor 2.3 OHC turbinado de 177 cv, que era fabricado no Brasil, em Taubaté. O Alvo do XR4Ti nos EUA era o mesmo concorrente dele na Europa, o BMW Série 3.

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O segundo carro da Merkur foi o Scorpio, o sedan executivo da Ford alemã que concorria com o Opel Omega e com o BMW Série 5. Nos EUA ele era vendido com motor V6 de 2,9 litros e 147 cv e cambio manual ou automático. Assim como aconteceu com o XR4Ti, as vendas do Scorpio foram baixas e a Merkur foi fechada em 1989.

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Depois desses fracassos, os fabricantes americanos ficaram um tempo sem tentar fazer sedans europeizados para combater os carros importados, mas no final dos anos 90 e no início dos anos 2000 eles voltaram a tentar, mas isso é assunto para outro post.

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