Para muitos os carros são apenas uma montanha de metal, borracha e plástico que serve pra te levar de um lugar a outro. Mas para os entusiastas eles são mais que isso, são amigos, companheiros e até parte da família, isso não seria diferente com a Christine. Christine é um Chevrolet Vectra Elegance modelo 2011 que meu pai comprou em Setembro de 2010, completo e com cambio manual. O carro já nasceu especial por vir com o computador de bordo, que estava em falta no fornecedor e foi instalado em poucos Elegance, e por vir com o cambio F23 da Getrag, caixa usada nos antigos Vectras 2,2 e nos 2,4 16v de exportação, a maioria dos 2 litros nacionais vieram com a F17-5 Plus sem ré sincronizada e subdimensionada para o torque do motor.
No inicio eu não fui com a cara do Vectra, eu lia muita Quatro Rodas e achava o Vectra inferior aos sedan japoneses por usar um motor antigo de 8 válvulas e com bloco de ferro. Mas com o tempo fui aprendendo que ficha técnica não era tudo, o Família II podia ser um motor antigo, mas é um motor bom, suave, torcudo e confiável. A Christine veio com a última palavra em FII 8 válvulas da General Motors brasileira, o N20XF, que vinha com coletor de admissão de plástico, coletor de escape de inox, balancins roletados e óleo de menor viscosidade. Essas atualizações vieram para baixar a poluição, o consumo e melhorar o desempenho, a potencia é de 133/140 cv a 5.600 rpm e o torque 18,9/19,7 kgf.m a 2.600 rpm (gasolina e álcool respectivamente).
O Eduardo pai trabalhava de motorista e comprou esse Vectra para substituir um Corolla 2008, o Chevrolet agradou por ser mais confortável, bem equipado e ter um rádio com MP3, muito importante pro véio que gosta de música boa. A força em baixa rotação aliada ao cambio longo fazem do Vectra um carro perfeito para rodar na estrada e foi isso que ele fez durante 99% dos seus quase 240 mil quilômetros rodados. O uso majoritariamente rodoviário faz que o desgastes da mecânica seja bem menor que o de um carro que roda mais no anda e para das cidades, a embreagem, por exemplo durou 207 mil km e 3 anos. Uma surpresa foi o consumo, o Família II tem fama de ser beberrão, mas na estrada conseguia fazer médias de 15 km/l com gasolina, no álcool ela cai para 12 km/l. Acredite, se quiser.
Eu só pude dirigir o carro no início de 2013, depois de tirar a minha CNH, e foi nele que aprendi a dirigir de verdade, a autoescola foi uma aula de como passar no teste de DETRAN e as voltas no Honda Fit CVT da minha avó eram bastante limitadas. Nas primeiras vezes que dirigi o Vectra ele estava com o freio de mão sem funcionar e a embreagem já estava bem gasta, demorou um tempo até dominar as arrancadas em ladeiras. Estacionar também era mais difícil que na autoescola, além de ser grande a visibilidade traseira era bem limitada, sem contar que guardamos o carro numa garagem de prédio onde as vagas foram desenhadas para Unos, mas hoje acho até mais fácil estacionar um carro grande que um pequeno.
O apelido Christine veio do livro homônimo escrito por Stephen King, que conta a história de um Plymouth Fury 1958 possuído por um espírito assassino e vingativo. No Vectra o espírito assassino se manifesta nas saídas de traseira sem aviso prévio no limite de aderência, descobri isso da pior maneira: acertando um muro e quebrando o parachoque dianteiro ao entrar mais rápido do que devia numa curva em uma rua de cascalho. Dirigir no mundo real é bem diferente do Gran Turismo, esse acidente serviu pra aprender a respeitar os limites do carro e do motorista.
Nesses cinco anos a Christine foi o sustento da família, caminhão de mudança, jipe, carregador de bateria de aeromodelo e até guincho, mas hoje Christine está na garagem descansando, ganhou uma folga em seu aniversário e amanhã ganhará uma revisão. No alto de seus 239 mil km ela não demonstra cansaço, o motor continua saudável, o acabamento não bate nem faz barulhos, o cambio continua engatando com precisão, o acelerador continua lerdo e a suspensão mantém a mesma boa rodagem de sempre, tem um ou outro sinal da idade, mas nada que impeça de continuar rodando. Nesse editorial gostaria de agradecer a Christine pelo aprendizado que tive com ela e por tudo que ela proporcionou à minha família, por ter sido mais que um mero meio de transporte.
E por favor pare de tentar me matar.
Essa é Christine original , não duvido que a minha tenha feito o mesmo
- É assim que nasciam os Vectras
- Esse é o Corolla que ela substituiu
- Pausa para a foto
- Why? Because rally car
- Chevette, Vectra, tudo a mesma coisa
- No topo do pico da Cartuxa, em Mariana-MG.
- Essa estrada faz parte do estágio de Ouro Branco do campeonato nacional de rally
- Christine ao lado de um Cruze, a novidade inflou por fora, mas diminuiu por dentro
- Carros grandes sempre sofem bullyng com vagas de estacionamentos…
- … não importa o tipo de vaga
- Apesar do chaveiro, a luz de injeção nunca acendeu, traiu o movimento gravateiro.
- Christine também curte o Punta Tacco
- Punta tacco só no adesivo, pois esses pedais não ajudam
- Where we’re going, we don’t need roads.
- Um dia minha mãe falou que o pai tirou as rodas pra pintar, ele fez isso no sentido mais literal.
- Dramatização da tal tendencia a sair de traseira no limite
Bela matéria, me identifiquei com muitas coisas apresentadas, principalmente sobre a disposição dos pedais para punta tacco hahah Tenho um Elegance 2006 com apenas 32 mil rodados e meu Pai tem um Elegance 2010 com 260 mil rodados e motor muuito saudavel. Sem falar nos Hotlaps (participei de 2 em Bal. Camboriu) e o Vecão deu trabalho pra inumeros Si’s e Tsi’s hehe. Parabéns pelo veículo!