A indústria automotiva era dominada por fabricantes de países europeus e norte americanos. Essa hegemonia começou a ser abalada nos anos 60 com a ascensão dos fabricantes japoneses, que vendiam carros baratos, econômicos e confiáveis. A crise do petróleo nos anos 70 ajudou muito os japoneses nos EUA, país onde um Ford Maverick com motor 6 cilindros de 3,3 litros era considerado como carro econômico .
Muitos consumidores americanos foram obrigados a trocar seus carrões com motor V8 por Toyota, Datsuns, Hondas e Mazdas por necessidade (Red Forman por exemplo) e acabaram fidelizando aos japoneses pela confiabilidade e eficiência dos carros. Desde o início os japoneses investiram em qualidade (lembram que falei da Toyota e da Subaru aqui?), a robustez dos carros japoneses foi um dos responsáveis pela queda da Britsh Leyland nos anos 70.
Na década de 80 carros como Toyota Corolla, Honda Civic e Honda Accord já figuravam próximo ao topo das listas de carros mais vendidos nos EUA. Em 1982 a Honda abriu sua primeira fábrica lá, Toyota e Nissan abriram suas pouco depois e expandindo um império que dura até hoje. Nos anos 90 a Toyota avança para o mercado de luxo com o impecável Lexus LS400, que superou os Mercedes, BMW, Jaguar, Cadillac e Lincoln em qualidade de construção e estabeleceu um novo benchmark para esses carros. Na mesma época os japoneses começaram a fazer carros criados para o mercado americano, como os Toyotas Avalon (um quase Buick) e a T100 que se tornaria a Tundra (uma quase F150). Tudo isso faz da Toyota figurar como a maior fabricante de automóveis do mundo, com as outras japoneses próximas em posição favorável.
A Coréia do Sul começou a fazer seus próprios carros em 1975 com o Hyundai Pony, antes apenas fabricavam carros de terceiros sob licença, como Ford Cortina. Na segunda metade dos anos 80 os primeiros Hyundais começaram a desembarcar nos Estados Unidos com a mesma estratégia dos japoneses duas décadas antes: oferecer carros baratos e confiáveis por um preço baixo. Kia e Daewoo chegaram depois com estratégia similar e deu certo, pessoas compravam carros coreanos por serem baratos fidelizavam quando eram surpreendidos por um carro que não desmontava enquanto rodava.
A Daewoo foi incorporada pela GM e virou Chevrolet na Coréia e responsável por desenvolver carros pequenos e médios vendidos no mundo todo, como o Sonic, o Spark, o Cruze e o Captiva. Hoje Kia e Hyundai tem público cativo e não vendem carros apenas por motivos racionais, Jeremy Clarkson disse que a qualidade de contrução do Cee’d está no nível do VW Golf. Assim como a Toyota, a Hyundai criou sua divisão de luxo, a Genesis, e prepara uma picape para vender nos EUA. A Kia lançou em 2008 o Mohave (ou Borrego), um SUV de verdade com chassi separado da carroceria e motor V6 ou V8, como um Ford Explorer.
Os chineses começaram a fazer carros no final dos anos 90 e por volta de 2005 começaram a exportar para a Europa e América Latina. Ao contrário dos outros asiáticos, os carros chineses eram baratos, cheios de equipamentos e… de baixíssima qualidade, muitos eram cópias de outros carros. O Effa M100, por exemplo, chegou no Brasil custando menos que qualquer outro carro novo, mas usava acabamentos de baixa qualidade, era frágil, usava motor obsoleto e tinha estabilidade considerada como perigosa. Era melhor comprar um Fiat Mille ou um Celta, que apesar de virem pelados e terem projetos antigos, eram confiáveis, de fácil manutenção e não transmitiam tanta insegurança para o condutor. Carros chineses não duraram muito na Europa, mas continuam insistindo em países emergentes onde os consumidores são menos exigentes.
O fabricante chinês que se deu melhor no Brasil é a Jac, que foi trazida pelo empresário Sérgio Habbib, que também trouxe a Citroen para cá nos anos 90. O carro chefe da Jac foi o J3, que recebeu mais de 600 modificações para agradar ao gosto local e aumentar a robustez. Outros chineses perceberam que qualidade e segurança é importante para vender bem e estão começando a melhorar seus carros, mas ainda são uma aposta de risco. Esses fabricantes deveriam parar para analisar como os coreanos e japoneses chegaram onde estão para poderem fazer igual, se não vão continuar sendo piada. Mas por favor não façam carros sem alma como os Hyundais e o Corolla