10 motivos para o Monza ser melhor que o Santana

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Foto: Marco de bari

Chamar o Pipo para ser colunista é um dos maiores arrependimentos da minha vida. Ele até agora só entregou um texto, não sabe o que é deadline, só sabe falar de nominho de cor e de roda, não gosta de Raça Negra e o pior de tudo: acha que o Volkswagen Santana é um carro melhor que o Chevrolet Monza. Ainda não sei por que ainda não demiti esse infeliz, mas por enquanto vou apenas provar que ele está errado, porque é no silêncio de um Chevrolet que o seu coração bate mais alto, não num Santana.

10: Foi sucesso no mundo todo

O nosso Chevrolet Monza nasceu na Alemanha como Opel Ascona e foi projetado para vender no mundo todo. Todas as divisões da General Motors tiveram uma variação da plataforma J exceto a GMC. Isso inclui a luxuosa Cadillac, a japonesa Isuzu e os malucos australianos da Holden. Até a Toyota já vendeu J-Car! E nos EUA foram feitos Chevrolet Cavalier e Pontiac Sunfire nessa plataforma até 2005. Enquanto o Santana só fez sucesso no Brasil e na China. Bom, nem tanto sucesso aqui, as vendas do Santana eram bem mais baixas que as do Monza nos anos 80.

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Esse é o Buick Skyhawk, um dos muitos primos gringos do Monza

9: Foi um sucesso ainda maior no Brasil

A Volkswagen gostava de se vangloriar que o Gol foi o líder de vendas do Brasil por mais de 30 anos, mas antes do Gol o carro mais vendido do país foi o Monza. Sim, um carro médio vendeu mais que os compactos de 1984 a 1986, feito único na história da indústria automobilista nacional. Enquanto o Santana só deve ter batido recorde de vendas para taxistas e delegacias de polícia.

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8: Soube a hora de parar

Uma regra de ouro na comédia é saber a hora de parar, insistir muito na mesma piada faz ela perder a graça e o comediante toma vaia do público. Com carros é parecido, em uma categoria mais elevada como é a dos sedans médios no Brasil não é bom insistir num projeto antigo pois o consumidor é mais exigente. O Monza saiu de linha em 1996 depois de 14 anos de sucesso e de algumas boas atualizações, nos anos 80 era o “carro de doutor” e saiu de linha com dignidade, sendo substituído pelo moderno Vectra. O Santana teve sua fase de “carro de doutor,” mas durante os anos 90 a VW começou a depenar seu médio e quando o Santana saiu de linha em 2006 ele era mal equipado, desatualizado e só vendia bem pra frotistas. Enquanto isso a Chevrolet vendia muitos Astras e Vectras para os “doutores.” E alguns taxistas.

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Um Monza GL 1996. Foi assim que ele saiu de linha, com dignidade

7: Foi exportado

O Monza feito no Brasil não foi só vendido aqui, a fábrica de São Caetano do Sul mandava os nosso Monzas para outras partes da América do Sul como o Uruguai, Colômbia, Paraguai e Argentina. Quem assistiu Narcos deve lembrar de um Monza participando de uma perseguição, ele foi montado em CKD na Colômbia com peças vindas do Brasil. O motor do Monza também foi exportado, o 1,6 era mandado para a Europa assim que começou a ser feito aqui, uma versão turbinada do 1,8 e mais tarde do 2 litros era feita aqui e mandada para os EUA, onde ia parar no cofre dos primos feitos pela Buick, Oldsmobile e Pontiac. O Santana feito aqui ficou só por aqui e na Argentina mesmo, a VW chinesa pegou emprestado o estilo do Santana nacional mas fez o carro sozinha na China. Provavelmente com papelão e cola de sapateiro.

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Direto de Narcos com peças brasileiras

6: Os donos de Monza são ótimas pessoas

Para começar: O Lineu da série A Grande Família teve três Monzas diferentes. Quem sou eu pra discutir com o melhor pai da TV brasileira? Os donos de Monza são compostos de dois grupos principais: os tiozinhos inofensivos que jogam dominó e pedreiros honestos que fumam Derby. Como todo carro nacional começou a cair nas mãos de manolos onde recebeu modificações de mal gosto, mas o grosso mesmo são esses tios e os pedreiros. O Santana por outro lado pode ser encontrado com taxistas muito cabeça dura para continuar com esse carro, bandidos que compram o Santana depois de serem pegos por um da polícia ou fãs de VW que acham que um Santana turbinado é mais rápido que um caça Saab Grippen.

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Não tem disputa com o Lineu, ele é a melhor pessoa

5: VELUDO VERMELHO

Olhe bem para essa foto, o Monza Classic 1988 teve opção de interior forrado com um maravilhoso veludo vermelho. A Chevrolet já é famosa por fazer um belo veludo (por sinal), vermelho ainda é a perfeição aveludada.

4: Tem a aprovação de Emerson Fittipaldi

O Monza foi o primeiro Chevrolet com injeção eletrônica, esse importante avanço veio numa edição limitada que comemorava a vitória de Emerson Fittipaldi nas 500 Milhas de Indianapolis em um Penske com motor Chevrolet. O Monza 500 EF era derivado do topo de linha Classic SE e vinha muito bem equipado com bancos de couro, vidros elétricos, ar condicionado e um exclusivo aerofólio. O motor era o 2 litros que rendia 116 cv com a injeção eletrônica. O Santana recebeu injeção antes, mas a Chevrolet riu melhor pois o Monza não sofreu com problemas de confiabilidade que o concorrente injetado teve.

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Carro de campeão

 3: Versão esportiva de verdade

Nos anos 80 as versões esportivas estavam na moda e o Monza teve a S/R, que não era apenas um esportivo de adesivo. Ele só veio na estilosa carroceria hatch (que por sinal foi desenhada aqui), tinha rodas de liga leve exclusivas, bancos Recaro, frisos vermelhos, faróis de neblina, carburador duplo, coletor de admissão novo, cambio com relações mais curtas e escape com saída maior. O ganho de potência era modesto, apenas 10 cv, mas o cambio também ajudava e o desempenho era melhor que o dos Monzas comuns. O Santana teve uma versão Sport que de esportivo só tinha o estilo diferente, a mecânica era a mesma dos outros Santanas.

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HIIIIIIIIIGHWAY TO THE DANGER ZONE!

2: Já participou da principal corrida do país

Em 1997 um Monza hatch 1983 começou a participar das Mil Milhas de Interlagos e correu até 2002 nessa importante prova de longa duração. Esse Monza amarelo era do piloto Felipe Meirelles e começou sua carreira em 1989 em ralis, em 97 o piloto inscreveu o seu Monza na categoria Força Livre das Mil Milhas. Na corrida de 1998 ele bateu o cárter na zebra após ser fechado por um Porsche e perdeu pressão do óleo, durante a prova a mola de uma válvula estragou e o carro correu por um tempo com apenas três cilindros até os mecânicos conseguirem a peça. Mesmo com esses contratempos o Monza terminou a corrida na 19ª posição na classificação geral, na frente de alguns protótipos e de carros de turismo como Porsche 911 Turbo e BMW 325i. A aposentadoria em 2002 foi por motivos óbvios, após anos correndo em rali e no asfalto a carroceria já não tinha mais a mesma rigidez de quando novo e o Monza amarelo encerrou a sua carreira.

1: Motor Família II

Quando o Monza chegou no Brasil ele veio com o novo motor Família II da Opel, que no início tinha deslocamento de 1,6 litros, na linha 83 veio o 1,8 e na 87 o 2 litros. O Família II era um projeto moderno na época, tinha comando no cabeçote, fluxo cruzado, cabeçote de alumínio e tuchos hidráulicos. O Monza foi o primeiro carro médio brasileiro com motor transversal, configuração ideal para carros de tração dianteira pelo uso mais inteligente do espaço no cofre do motor, deixando a dianteira mais compacta.

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Depois da aposentadoria do Monza o Família II continuou recebendo atualizações e sendo usado pela Chevrolet brasileira no Omega, Kadett, Vectra, Astra, S10, Blazer e Zafira. O desejado motor C20XE que veio pra cá nos Vectra GSI e Calibra eram basicamente um Família II com cabeçote de 16 válvulas projetado pela Cosworth para carros de corrida. Os motores 16 válvulas do Vectra de segunda e terceira geração, do Astra e da Zafira também são Família II, porém o cabeçote foi projetado pela Lotus. O Família II só foi aposentado em 2016 quando a S10 foi reestilizada e parou de vir com o 2,4 8 válvulas flex. Os últimos 2 litros 8 válvulas que equiparam o Vectra e o Astra eram defasados perto dos concorrentes, mas ainda proporcionava bom desempenho, era confiável, suave e podia até ser econômico com um pouco de boa vontade do motorista.

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Última versão do Família II a ser usado em carros de passeio, rendia 133 cv com gasolina e 140 cv com etanol

Uma grande vantagem dessa longevidade do Família II no Brasil é a facilidade de preparar esse motor com pelas da prateleira da GMB, a simples troca do cabeçote de um Monza pelo cabeçote de um Astra 2010 rende o ganho de uns 10 cv e ajuda na economia. Ou até mesmo o comando de válvulas do Vectra 2.2 já ajuda a deixar o Monza mais esperto. Os cabeçotes de 16  válvulas também podem ser facilmente instalados em motores 8v. Esse motor é um grande Lego na hora de preparar, peças de outros Chevrolet pode deixar um velho Monza mais rápido, mais econômico ou até ambos.

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Fora do Brasil o Família II seguiu um rumo diferente, em 2000 a General Motors usou ele como base para a família EcoTec que substituiria três motores de quatro cilindros da GM pelo mundo. A primeira geração dos EcoTec eram basicamente o Família II com cabeçote de 16 válvulas (nossos 2.0 e 2.2 16v eram EcoTec) e outro nome. Ele teve variações com compressor mecânico e turbinadas, que chegavam a 213 cv e era feita no Brasil para exportação. A segunda geração do EcoTec apresentada em 2006 usava o mesmo desenho do bloco Família II só que feito em alumínio e em 2013 saiu a terceira geração que é uma evolução da anterior e é usada pela GM em duas variações: uma 2 litros turbinada que produz entre 253 cv e 278 cv e uma 2,5 aspirada de 200 cv. Então não é errado dizer que de algum modo o Família II ainda vive debaixo do capô de muitos carros da GM.

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EcoTec turbinado de terceira geração: filhote do Família II

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Um comentário sobre “10 motivos para o Monza ser melhor que o Santana

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