A fina arte de fazer tudo errado

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Disclaimer: Já fazia um tempo que queria começar a escrever sobre filmes e não tinha um espaço apropriado, mas agora lembrei que esse blog é meu e eu faço o que quiser nele. Por isso aguarde para críticas, análises e outras coisas sobre filmes novos e antigos. Minhas críticas não terão notas para os filmes, não acredito que um filme possa ser classificado de forma quantitativa com números, dizer que tal filme é nota 7 diz nada pra mim. Um filme tem muitas variáveis para ser analisadas, cada tipo de filme tem que ser analisado de formas diferentes (Transformers não pode ser comparado com filme do Tarantino!) e no final cabe ao espectador julgar se gostou ou não, o papel do crítico é de passar o que sentiu quando viu o filme, sua opinião também é pessoal apesar de também ter conhecimento técnico. O crítico não é um ser supremo que sabe de tudo e sempre está certo, se encontrar com um desses por aí não leve a sério.

Por que indicamos filmes para as outras pessoas? Geralmente é por você ter gostado, ou ele tem uma temática interessante, ou até por ele servir como fonte de pesquisa. Mas e quando o filme é ruim? Não ruim como aquele blockbuster que só existe pra pegar carona no sucesso de algum jogo ou aqueles filmes toscos como Sharknado (2013) que foi criado para ser ruim. Estou falando de um filme que foi feito com as melhores intenções que saiu tão ruim que você recomenda a todos seus amigos só para eles conhecerem um novo nível de podridão. The Room é isso, o nível é tão baixo que virou um cult moderno.

Antes de falar desta obra prima preciso contar a história por trás dela que é igualmente incrível. The Room foi lançado em 2003, foi dirigido, produzido, escrito e estrelado por Tommy Wiseau. Quem diabos é esse cara? Ninguém sabe ao certo. Ele diz que é norte americano e nasceu em 1968 ou 1969. Alguns críticos acham que ele é francês e um documentarista diz que Wiseau nasceu na Polônia nos anos 50. Antes de virar um renomado diretor/ator/produtor/escritor, Tommy Wiseau vendeu brinquedos, calças jeans e jaquetas de couro nas ruas de San Francisco. De algum modo foi assim que ele conseguiu financiar esse filme de 6 milhões de dólares.

A produção do filme é igualmente incrível, muitos membros da equipe de produção e atores desistiram e tiveram que ser substituídos. O diretor não sabia se filmava em 35 mm ou alta definição e decidiu fazer ambos, gravando o filme com duas câmeras lado a lado. O ator principal (sim, Tommy Wiseau) esquecia suas falas e cenas de diálogos tinham que ser regravas ou redubladas. The Room ficou famoso em 2009 quando o Adult Swim do Cartoon Network transmitiu o filme durante toda a madrugada do primeiro de Abril. E Tommy acreditava que estava fazendo um filme sério de drama, não esqueçam disso.

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Tommy Wiseau pagou por volta de 300 mil dólares para ter um outdoor de seu filme em Hollywood

Sabendo disso vamos ao filme em si, que é sobre um banqueiro chamado Johnny (Tommy Wiseau) que está noivo de Lisa (Juliette Danielle), que é apaixonada por Mark (Greg Sestero), melhor amigo de Johnny. A casa de Johnny é o cenário mais usado no filme, pessoas entram e saem da casa sem anunciar, assim como as sub-tramas que começam em alguma cena e ficam por isso mesmo. Como no início do filme onde Claudette (Carolyn Minnott), mãe de Lisa anuncia que tem câncer de mama e… só. A palavra câncer nunca mais volta a aparecer. As transições entre as cenas são longas tomadas panorâmicas da cidade de San Francisco, o diretor parece querer lembrar o espectador o tempo todo onde o filme é ambientado.

A atuação de Tommy Wiseau é no mínimo exótica, ele tenta ser dramático em cenas mais sérias mas é difícil de ser convencido. O resto do elenco é apenas ok para atores amadores, alguns tem potencial, porém a direção do filme limita isso. A fotografia do filme também é apenas ok, os planos e tomadas são bem básicos e revolucionam em nada. Alguns cenários são toscos e da pra perceber com clareza que existem paredes falsas ou tela verde.

Esse é o tipo de filme que é melhor assistir acompanhado, pois além de ser egoísmo não dividir uma experiência tão peculiar, ele é uma imensa fonte de debates e uma película perfeita para um drinking game (jogo onde as pessoas que assistem ao filme tomam uma dose de bebida toda vez que uma fala ou ação frequente acontece). No geral, The Room não chega a ser o pior filme de todos os tempos, fica perto e isso é o que faz dele tão divertido. Esse é definitivamente um filme que recomendo.

 

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